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Jogador descobriu o tumor durante a pandemia e precisou da liberação do clube japonês para retornar ao Brasil e iniciar os tratamentos de Miguel
Em entrevista ao ‘ge’, Bruno Mendes retratou o drama familiar vivido no último ano. Durante a pandemia da Covid-19, o ex-jogador do Botafogo resgatou forças para, junto com a esposa, Larissa, tratar o câncer no fígado do pequeno Miguel, na época com dois anos. A criança foi diagnosticada do outro lado do planeta. No Japão, onde o atacante atuava pelo Cerezo Osaka, Bruno Mendes precisou fazer as malas e retornar às pressas ao Brasil para iniciar o tratamento.
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O grave diagnóstico foi apresentado em fevereiro de 2020, duas semanas antes da Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar a pandemia. Era a segunda temporada do jogador de 24 anos no Japão. Bruno e Larissa ainda se acostumavam com a vida de estrangeiro quando perceberam um inchaço na barriga de Miguel. Sem sintomas, os pais seguiam vida normal.
O caso chegou a uma pediatra, que recomendou exames para analisar o quadro da criança de dois anos. Em março, o inchaço era mais aparente. A médica confirmou o pior.
– Na hora da consulta, a Larissa entrou e eu sentei num banquinho atrás da porta. E ela conversando com a Larissa, eu escuto: “Ele deve estar com um tumor”. Assim, curto e grosso. E eu do lado de fora, sem ver nada, fiquei assustado, disse “Nossa…” – contou Bruno.
A grande massa no abdômen preocupava especialistas. O tumor poderia ser maior do que o imaginado. Após exames de sangue e uma ultrassonografia, o diagnóstico: Miguel apresentava um hepatoblastoma, raro tumor maligno no fígado que atinge crianças.
Com o aval do clube japonês, Bruno Mendes precisou escolher entre duas opções divergentes. Permanecer no Japão diante da possibilidade de um colapso hospitalar no Brasil devido à complicações da pandemia, ou retornar para ter o apoio familiar e não depender de tradutores.
– A gente conversou em casa, vimos a melhor situação e falei: “A gente vai para o Brasil, eu tento fazer um acordo com eles aqui. Primeiro quero pensar no meu filho, depois penso em mim, nas outras coisas”. Era o melhor para ele, a saúde dele é o principal. Aí conversei com o clube, o clube entendeu e liberou um mês, pois já os jogos já tinham pela pandemia – disse.
Embarcaram rumo a São Paulo dias após o diagnóstico. A rapidez foi essencial. Com voos internacionais sendo cancelados, o casal teve sua única chance em mãos.
– Estávamos no aeroporto em Londres, os voos todos foram cancelados. O único que foi confirmado foi o nosso. Aí, pensamos: “Estamos no caminho certo” – contou Larissa.
A cura de Miguel foi concentrada no Graacc – Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer. O tratamento foi pautado em idas e vindas ao hospital. A criança revezou entre sessões de quimioterapia e dias em casa até a cirurgia para retirada do tumor ser marcada. Seriam seis longos meses de medicamentação.
– A gente comemorava cada dia, vivia cada dia. Ele chegava um dia em casa do tratamento, depois de vomitar um monte… Mas se ele estava bem, brincando sorrindo, a gente agradecia por ter passado mais um dia – relembra Larissa.
Em 3 de junho, Miguel seria operado. A cirurgia durou mais de quatro horas e retirou 70% de seu fígado. O tumor não havia se espalhado. Era o início de uma caminhada mais serena.
Bruno Mendes precisou retornar ao Japão para jogar futebol. Ao total, foram quatro meses longe de Miguel e Larissa.
– O clube, quando a gente conversou, me liberou um mês. Mas pela pandemia estavam fechadas todas as fronteiras, até para residente. E nisso eu consegui ficar mais um mês, consegui ficar na cirurgia, deu tudo certo. E aí depois da cirurgia, após duas semanas, eu voltei para o Japão. Mas agradeço muito ao clube, que foi muito solícito com a gente. Eles pensaram muito no Miguel, disseram “Fica tranquilo, pode ir com sua família”. Tenho que agradecer bastante a eles – afirmou o jogador.
– Foram quatro meses muito difíceis. Mas coloquei na minha cabeça “Tenho que seguir, já deu tudo certo. Deus está no comando, no controle. O Miguelzinho está bem, e eu tenho que estar bem também – destaca.
A última quimioterapia do forte Miguel foi em julho de 2020. No dia 24 de julho deste ano, o casal comemorou um ano da cura do filho.
A tranquilidade se refletiu em campo. Bruno Mendes marcou12 gols em 28 jogos, sendo o artilheiro do Cerezo Osaka no Campeonato Japonês. O clube garantiu uma vaga para a Liga dos Campeões da Ásia.
– Hoje o Miguel é nosso milagre, nossa força diária – conclui Larissa.
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