Luiz Gomes: 'Cuca que me perdoe, mas Vojvoda foi o Jesus de 2021'


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Luiz Gomes: 'Cuca que me perdoe, mas Vojvoda foi o Jesus de 2021'

Leia a coluna deste sábado, que analisa o desempenho do treinador do Fortaleza

Cuca foi eleito pela CBF o técnico do Brasileirão 2021. Dá para entender, a campanha do Atlético-MG foi quase irrepreensível, o time jogou um futebol intenso, manteve a regularidade, mereceu o título de maneira inquestionável. Mas meu campeão é outro: Juan Pablo Vojvoda.

O técnico do Fortaleza foi a grande novidade da temporada. Guardem as proporções, por favor antes de cornetarem, mas ousaria dizer que Vojvoda teve uma participação tão marcante neste Brasileirão como foi a de Jorge Jesus no comando do Flamengo em 2019. Com uma diferença básica: o português pegou um time de craques, que soube transformar num time imbatível, enquanto o argentino recebeu um plantel limitado, barato, mas que colocou para jogar uma bola acima de seus próprios limites.

A campanha do Fortaleza é histórica sob diversos pontos de vista. É a melhor colocação de um clube nordestino no Brasileirão de pontos corridos, é a primeira vez que um clube da região se classifica para a chave de grupos da Libertadores no modelo atual. Mas é mais do que isso: o Tricolor terminou o campeonato superado apenas e tão somente pelos três milionários do futebol tupiniquim, o Galo, o Flamengo e o Palmeiras. Ou seja, é um quarto lugar com gosto de primeiro.

Os números são menores do que a história. Em 51 jogos sob o seu comando, foram 77 gols marcados contra 52 sofridos. o Leão venceu 25 vezes, empatou 10 e perdeu 16, o que dá um aproveitamento de 55,5%, inferior, por exemplo, ao de Rogério Ceni que chegou aos 60,13%. Mas além do sucesso no Brasileirão, vale lembrar outras façanhas como a melhor campanha da história da Copa do Brasil, eliminado apenas nas semifinais pelo Atlético-MG e a conquista invicta do campeonato cearense que há 53 anos não tinha um campeão sem derrotas. E o time quebrou tabus ao vencer fora de casa o São Paulo após 47 anos, o Palmeiras e o Corinthians após 16 anos, o Galo após 15 anos. Não é pouca coisa.

Em sete meses de trabalho, a relação de Vojvoda com o Fortaleza foi de uma entrega total, a ponto de ele ter decidido morar no CT do Pici. É um casamento de interesse mútuo, é verdade. Como devem ser os casamentos, aliás. Desde que se tornou treinador, em 2016, dirigindo o News Old Boys, o ex-zagueiro passou por clubes como Defensa Y Justicia, Talleres, Huracán e Union La Calera, do Chile, onde obteve uma inédita classificação para a Libertadores. Bons trabalhos, que chamaram a atenção da diretoria leonina. Mas nunca teve uma vitrine tão grande como a de dirigir um time de Série A do futebol brasileiro. O que soube aproveitar como poucos.

O trabalho no Fortaleza certamente despertou o interesse de outros clubes. No Brasil e no exterior. Mas, Vovjoda parece ter, além do talento para dirigir um time em campo, competência para gerir a própria carreira e manter os pés no chão. Tão logo terminou o Brasileirão, acertou a extensão de seu contrato por mais uma temporada. Uma decisão absolutamente correta. Seu trabalho ainda não terminou. Levar o Tricolor a fazer uma campanha bem-sucedida na Libertadores pode certamente vai representar um novo salto na sua trajetória e um novo e imortal capítulo na história do clube. Condições para isso, esse argentino de origem polonesa, nascido na pequena General Baldissera, próximo a Córdoba, já demonstrou que tem.


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