Luiz Gomes: 'Sem Gabigol, Everton e Arrascaeta, Flamengo prova o próprio veneno'


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Luiz Gomes: 'Sem Gabigol, Everton e Arrascaeta, Flamengo prova o próprio veneno'

‘Diretoria colhe aquilo que ela mesmo vem plantando nos últimos meses. Arrogância, isolacionismo, desprezo ao interesse comum têm sido a tônica de Landim e sua trupe’

A decisão da CBF de não mais adiar os jogos doBrasileirão por conta das datas Fifa de eliminatórias de Copa do Mundo foi um duro golpe no Flamengo.

É fato que a entidade havia se comprometido a poupar os clubes que cedessem jogadores, especialmente depois da rodada de setembro, quando convocações tiveram de ser feitas às pressas depois do corte dos jogadores de times ingleses por conta dos protocolos contra a Covid. Houve uma virada de mesa, portanto.

Mas essa foi uma virada de mesa com viés democrático.

Sim, não se pode chamar de autoritária ou de golpista uma decisão tomada com o apoio de jogadores e dirigentes de 19 dos 20 clubes da Série A – até mesmo de Palmeiras, Atlético-MG e Inter, também prejudicados -, além da Federação Nacional de Atletas, preocupada com o impacto que o avanço do campeonato pelo mês de dezembro poderia causar nas férias da categoria num ano extremamente puxado e atípico com o acúmulo de jogos que a pandemia provocou e com uma Copa do Mundo marcada para o final de 2022.

O Flamengo foi o único a não apoiar a medida. O Rubro-Negro é o maior prejudicado: nenhum outro clube ficará por três rodadas e de uma só tacada sem quatro de seus principais jogadores. Os desfalques de Gabigol, Everton Ribeiro e do uruguaio Arrascaeta – o chileno Isla num plano menor – já se mostraram determinantes para quebrar o ritmo do time de Renato Gaúcho. Ainda que seus substitutos sejam jogadores de primeira linha, com condições de serem titulares em qualquer outra equipe do Brasil.

Não há o que chorar, no entanto.

A diretoria do Flamengo colhe, em situações como essa, aquilo que ela mesmo vem plantando nos últimos meses. Arrogância, isolacionismo, desprezo ao interesse comum têm sido a tônica do posicionamento de Rodolfo Landim e sua trupe. As negociações nos porões de Brasília pela MP dos direitos de TV, ao largo inclusive da CBF, a pressão para o reinício do campeonato estadual mesmo no auge da pandemia, as articulações de bastidor pela volta do público aos estádios, atropelando a combinação de uniformidade dessa decisão em todos os estados são apenas alguns exemplos do modus operandi da cúpula da Gávea.

Tudo isso tem um preço, a conta começa a chegar agora.

A verdade é que a mesma força que o time tão bem tem usado em campo, atropelando adversários com uma sequência de goleadas em boa parte dos jogos desde a chegada de Renato ao comando, a diretoria tem demonstrado extracampo. Mas jogando contra o patrimônio. Esse comportamento da cartolagem nada tem a ver com as tradições rubro-negras.

O Flamengo, pelo que representa, deveria sim, se impor, liderar a transformação que o futebol brasileiro precisa. Mas se impor não pela truculência, mas pela liderança, pelo diálogo e a busca do consenso, tão necessário, por exemplo, para criar uma liga nacional de clubes. Um sonho para o qual, hoje, ele tornou-se talvez o maior empecilho.


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