Espresso: Até quando Abel Ferreira aguenta?

O recado de Abel Ferreira era claro antes do jogo contra o Flamengo: “Estou à espera de ser despedido. Estou mesmo”. Depois da partida, derrota por 1 a 0, o treinador creditou sua fala como um mal entendido causado pelas diferenças do português falado em Portugal.

Ainda que a intenção não tenha sido mostrar uma insatisfação com as críticas, Abel expõe algo que qualquer estrangeiro é capaz de enxergar: o festival de absurdos que é a dança das cadeiras entre os técnicos daqui. Como ele mesmo expôs após o jogo no Maracanã, lembrando a demissão de Alberto Valentim pelo Cuiabá ainda na primeira rodada.

Críticas são naturais, mas o Palmeiras pagará um preço altíssimo se rifar Abel. Ele é, possivelmente, o melhor treinador que o Verdão teve neste século. Tem ainda ajustes a fazer no trabalho, mas é jovem e ainda pouco experiente. E, mesmo assim, já levou o time a dois títulos enormes. Terá paciência para seguir no comando do time, longe de casa, quando seu trabalho começar a despertar atenção de times médios do cenário europeu? Ficaria no Palmeiras negando uma proposta de um time de meio de tabela do futebol espanhol ou de um dos grandes de Portugal? Difícil acreditar.

Mas se receber carinho e apoio sólido dos cartolas e da torcida, a chance de não desistir de tudo precocemente é maior. Isso, é claro, se não for demitido antes. Algo que não o espantaria.

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